sábado, 15 de janeiro de 2011

DIZ QUEM SABE...

Carta aberta ao Presidente da Câmara de Beja

"Jorge Pulido Valente não seguiu a tradição democrática da familia" - João Honrado

"Aqui denuncio o que se está a passar na Câmara de Beja (e não só), onde o actual presidente não tem nada a ver com o avô, o Professor Pulido Valente, que recordo como grande amigo da juventude, tal como Bento Jesus Caraça, Abel Salazar e Ruy Luís Gomes, entre outros, também eles vítimas do fascismo.
Para mim, é muito claro: Jorge Pulido Valente não seguiu a tradição democrática da família.
Já não falo do seu percurso político sinuoso e oportunista – primeiro «independente», depois candidato da CDU, a seguir apoiante do PRD, logo militante do PS, mais tarde trânsfuga da Câmara de Mértola, de repente administrador da EDIA e, enfim, presidente da autarquia bejense eleito pelo PS coligado na prática com o PSD.
Nem sequer falo das mirabolantes promessas eleitoralistas do projecto «Beja Capital», evidentemente impossíveis de cumprir mas que terão enganado bastos eleitores crédulos. Nem falo das declarações ofensivas da inteligência dos bejenses de que com o triunfo eleitoral do PS havia chegado enfim a Beja o 25 de Abril...
Falo, isso sim, da sua actividade política neste último ano, à frente da maioria PS que capturou a Câmara de Beja. Falo dos despedimentos encapotados (a «não renovação de contratos») de trabalhadores conotados com o Partido Comunista Português. Da perseguição a funcionários por razões políticas. Da compra de consciências. Das tentativas de intimidação de profissionais sérios. Da política revanchista que discrimina as freguesias geridas pela CDU. Dos cortes nos apoios a colectividades alegando falta de verbas. Do esbanjamento de dinheiros públicos em festarolas bacocas, em novas viaturas, em viagens à socapa ao estrangeiro. Do incumprimento dos compromissos financeiros com a assembleia distrital, com o conservatório regional, com associações de municípios, pondo em risco postos de trabalho. Das pressões provadas sobre jornalistas do «Diário do Alentejo». Da vergonhosa perseguição e do boicote ao jornal «Alentejo Popular» e à Cooperativa Cultural Alentejana, à qual a câmara – com mais de 40 milhões de euros por ano! – continua a dever dinheiro. Da retirada e destruição de pendões da Festa do «Avante!» e da CGTP ao arrepio dos princípios democráticos e das leis do País. Das constantes calúnias sobre a gestão autárquica dos comunistas e seus aliados ao longo de mais de 30 anos. De pantomineirices como a iminência da queda da torre de menagem do castelo por culpa do PCP.
Falo de tudo isto e de mais: da incompetência da gestão camarária «socialista», que está a afundar Beja, depois de prometer dar-lhe uma maior «centralidade». Em apenas um ano de mandato PS, o concelho está mais isolado – ainda sem aeroporto, sem IP8, sem comboios para Lisboa; há cada vez mais empresas a falir ou em dificuldades; crescem as fileiras dos desempregados e dos precários; aumenta o número de pobres; a câmara não apresenta um único projecto novo para além de propaganda; as obras municipais arrastam-se penosamente; os campos agrícolas transformam-se num imenso olival espanhol; o pequeno comércio definha; o turismo não traz riqueza significativa; os serviços públicos de saúde são cada vez mais escassos e caros; as escolas fecham; homens e mulheres abalam para outras terras; os jovens não vêem perspectivas de futuro... Tudo isto enquanto emerge à luz do dia um «bloco de direita dos interesses», envolvendo empresários, construtores civis, agrários e outros que ajudaram a afastar da presidência da Câmara de Beja, em Outubro de 2009, a CDU, a única força política que se opunha às grandes negociatas em curso ou em perspectiva.

*

Seria excessivo esperar que Jorge Pulido Valente fosse um homem sério, digno e competente como o seu avô, um democrata.
Mas os bejenses, que depois deste primeiro ano de gestão autárquica desastrosa passaram a conhecê-lo melhor, devem exigir-lhe pelo menos que seja capaz de cumprir o que falta do mandato autárquico respeitando a legalidade democrática e que não arraste ainda mais o concelho de Beja para o marasmo económico e o desastre social."

Beja, Dezembro de 2010

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